Desde sua criação em 2009, o Bitcoin tem sido a promessa de uma revolução financeira, um sistema descentralizado onde qualquer um pode ser seu próprio banco e fazer transações sem a necessidade de intermediários. O futuro, né, finalmente na ponta dos dedos.
Para muitos, a criptomoeda representa liberdade, inovação e uma nova forma de dinheiro para a a era marcada pela vida digital. Mas você acredita mesmo que é só paraíso? A moeda digital, e todo o seu ecossistema, puxou, junto a inovação da rede blockchain, os usos mais nocivos de tal tecnologia, marcado por golpes, hackes e eventos que desafiaram a confiança de investidores e entusiastas.
Você sabe a essa altura que cada novo passo adiante na seara de tecnologia, ainda que impressionante e de aspecto revolucionário, vem sempre acompanhado de revés. A ausência de regulamentação e a natureza indireta das transações, por exemplo, criaram um terreno fértil para atividades ilícitas e perdas bilionárias quando o avanço financeiro encontra mentes dedicadas a explorar seus recursos sem escrúpulos. Nada de novo sob o sol, ainda mais quando se estende essa reflexão para a troca de valor do dinheiro e das moedas em si.
Nos primeiros anos do Bitcoin, com sua adoção mais volumosa a partir do início da década de 2010, a falta de conhecimento sobre o funcionamento das criptomoedas tornava os investidores alvos fáceis para golpes. Muitas pessoas compravam BTC sem entender como protegê-los, deixando-os armazenados em exchanges ou carteiras pouco seguras.
Essa ingenuidade resultou em roubos massivos, com um dos primeiros e mais emblemáticos casos sendo o colapso da Mt. Gox. Essa corretora japonesa, que em seu auge processava mais de 70% de todas as transações de Bitcoin no mundo, sofreu um ataque devastador em 2014, quando hackers roubaram cerca de 850 mil BTC, avaliados, na época, em mais de US$ 450 milhões. Na data de hoje, o montante equivaleria a cerca de R$ 415 bilhões
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O impacto foi tão grande que até hoje alguns credores ainda aguardam o ressarcimento parcial de suas perdas. Este caso da Mt. Gox foi apenas o começo de uma longa lista de escândalos envolvendo hackeamentos de exchanges. Empresas como Bitfinex, Binance e FTX sofreram ataques cibernéticos que resultaram na perda de centenas de milhões de dólares. Algumas dessas empresas conseguiram se recuperar, mas outras entraram em colapso, deixando milhares de usuários sem acesso aos seus fundos.
Muitas dessas invasões ocorreram devido a falhas na segurança dos sistemas, mas algumas também levantaram suspeitas de envolvimento interno. Quando Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, foi preso sob acusações de fraude, ficou claro que não eram apenas hackers externos que representavam uma ameaça — muitas vezes, os próprios administradores das plataformas estavam envolvidos em esquemas fraudulentos.
Além das invasões e ataques hacker, o mundo das criptomoedas tem sido terreno fértil para esquemas de pirâmide e fraudes disfarçadas de investimentos legítimos.

Um dos casos mais famosos foi o da OneCoin, liderada por Ruja Ignatova, que se autodenominava a “Rainha das Criptomoedas”. Seu esquema enganou milhões de pessoas ao redor do mundo, prometendo retornos exorbitantes e utilizando táticas de marketing agressivas para atrair investidores.
No final das contas, OneCoin nunca teve um blockchain funcional e era apenas um golpe multibilionário. Ruja Ignatova desapareceu misteriosamente em 2017 e, até hoje, é uma das criminosas mais procuradas pelo FBI.
Outro golpe famoso foi o BitConnect, que prometia ganhos garantidos com um sistema de “trading automatizado” que, na realidade, era um esquema de pirâmide clássico. Por um tempo, ele pagava altos rendimentos aos investidores iniciais com o dinheiro dos novos entrantes, criando uma ilusão de legitimidade. No entanto, quando o esquema colapsou em 2018, os investidores perderam bilhões de dólares, e os fundadores desapareceram, deixando uma legião de vítimas indignadas.
O Brasil, claro, não ficou fora dessa. Um dos casos mais emblemáticos foi o do Grupo Bitcoin Banco, que, por meio de empresas como NegocieCoins e TemBTC, construiu um esquema que lesou milhares de brasileiros com promessas de lucros exorbitantes através de arbitragem de criptomoedas. O resultado foi um prejuízo bilionário e uma onda de processos judiciais.
Outro caso que marcou o cenário nacional foi o da Unick Forex, uma pirâmide financeira disfarçada de empresa de investimentos em Forex e criptomoedas. Com um marketing agressivo e promessas de retornos surreais, a Unick Forex atraiu investidores de todo o País, culminando em um dos maiores golpes financeiros da história do Brasil, com bilhões de reais em prejuízos e milhares de vítimas.
Além desses, outros esquemas fraudulentos como Atlas Quantum, Genbit e Rental Coins também deixaram rastros de destruição, explorando a falta de conhecimento e a esperança de ganhos rápidos com Bitcoin. Esses casos, juntamente com o do jogador Gustavo Scarpa, lesado por uma empresa de fachada, e o de Douver Torres Braga, que liderou um esquema global de pirâmide com Bitcoin, ilustram a importância da cautela e da pesquisa antes de investir em criptomoedas.
Promessas milagrosas de lucro garantido quase sempre escondem algum tipo de armadilha. Teoricamente, vale também para o ecossistema financeiro tradicional, né? Mas, no caso do Bitcoin, golpistas aproveitam o entusiasmo e a falta de conhecimento do público para criar narrativas sedutoras, fazendo parecer que perder essa “oportunidade única” seria um erro. No entanto, a realidade é que, se um investimento parece bom demais para ser verdade, ele provavelmente é uma fraude.
Outro aspecto pouco discutido sobre o lado sombrio do Bitcoin é sua relação com atividades ilícitas.
Nos primeiros anos, a criptomoeda ficou famosa por ser usada no Silk Road, um mercado online da deep web onde era possível comprar drogas, armas e outros produtos ilegais com BTC. O FBI fechou a plataforma em 2013 e prendeu seu criador, Ross Ulbricht, que hoje cumpre prisão perpétua.
Mesmo assim, outras versões da Silk Road surgiram nos anos seguintes, e criptomoedas continuam sendo usadas para transações ilegais, embora a transparência do blockchain tenha dificultado o anonimato total.
Além disso, o Bitcoin tem sido usado em esquemas de ransomware, onde hackers invadem sistemas de empresas e governos, bloqueiam os dados e exigem resgates em BTC para liberá-los.
Grandes ataques desse tipo paralisaram hospitais, empresas e até cidades inteiras, causando prejuízos milionários. A dificuldade de rastrear os criminosos torna esse tipo de crime particularmente eficaz, e o uso de criptomoedas apenas fortaleceu esse modelo de extorsão digital.
Apesar de todas essas histórias assustadoras, o Bitcoin e o mercado cripto continuam crescendo.
Muitos investidores aprenderam a proteger seus ativos com carteiras seguras e boas práticas de segurança, e as regulamentações estão avançando para coibir fraudes e ataques. No entanto, o lado sombrio das criptomoedas continua presente, e quem deseja entrar nesse universo precisa estar ciente dos riscos.
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A promessa de um sistema financeiro descentralizado é real, mas, como qualquer revolução, ela vem acompanhada de desafios, perigos e lições difíceis.
O Bitcoin pode ser uma ferramenta poderosa, mas, no final das contas, ele é apenas um reflexo do mundo em que vivemos—cheio de oportunidades, mas também repleto de armadilhas.
Para quem deseja investir em Bitcoin ou em qualquer outra moeda digital, a regra de ouro continua sendo a mesma: desconfie das promessas fáceis, aprenda sobre segurança digital e nunca invista mais do que pode perder.
Estes são os golpes mais populares envolvendo Bitcoin e criptomoedas
- Esquemas Ponzi e Pirâmides Financeiras: Prometem retornos elevados e garantidos, financiando os lucros dos investidores antigos com o dinheiro dos novos participantes.
- Fraudes em Ofertas Iniciais de Moedas (ICOs): Lançamento de novos projetos de criptomoedas sem fundamentos sólidos, com o objetivo de arrecadar fundos e desaparecer posteriormente.
- Hackeamento de Exchanges: Plataformas de negociação de criptomoedas são invadidas, resultando no roubo de fundos dos usuários.
- Phishing: Golpistas criam sites ou e-mails falsos que imitam serviços legítimos para roubar credenciais e chaves privadas dos usuários.
- Aplicativos Falsos de Exchanges: Programas maliciosos disfarçados de aplicativos oficiais de corretoras, projetados para roubar informações e fundos dos usuários.
- Clube de Investimentos Falsos: Plataformas que oferecem pacotes de investimento atraentes, mas desaparecem com o dinheiro dos investidores.
- Golpe da Multiplicação: Promessas de multiplicar rapidamente a quantidade de Bitcoin do usuário, geralmente solicitando um depósito inicial que nunca é retornado.
- Sorteios Falsos: Anúncios de sorteios ou brindes que exigem que os participantes enviem uma quantia de Bitcoin para se qualificar, resultando na perda dos fundos enviados.
- Chantagem: Ameaças de exposição de informações pessoais ou comprometedoras, a menos que um resgate em Bitcoin seja pago.
- Fraudes em Caixas Eletrônicos de Bitcoin: Golpistas convencem as vítimas a depositar dinheiro em caixas eletrônicos de Bitcoin, transferindo fundos para as carteiras dos criminosos.
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Como se proteger dos golpes mais populares envolvendo Bitcoin
Embora o mundo das criptomoedas esteja repleto de histórias de fraudes e golpes, isso não significa que você esteja fadado a ser uma vítima. Com conhecimento e precaução, é possível investir e transacionar Bitcoin com segurança. Aqui estão algumas medidas essenciais para evitar cair nas armadilhas mais comuns:
Cuidado com promessas de lucro garantido
Golpistas adoram usar frases como “renda passiva sem esforço” ou “multiplique seu Bitcoin rapidamente”. No mercado financeiro, especialmente em criptomoedas, ganhos elevados sempre vêm com riscos proporcionais. Se um investimento parece bom demais para ser verdade, provavelmente é um golpe.
Evite deixar seus Bitcoins em exchanges por muito tempo
Plataformas de negociação são alvos frequentes de hackers e, em alguns casos, os próprios administradores podem desviar fundos dos usuários. Use carteiras pessoais, como hardware wallets (Ledger, Trezor) ou carteiras offline, para armazenar seus BTC com segurança.
Verifique sempre a autenticidade dos sites e aplicativos
Phishing é um golpe comum em que criminosos criam cópias falsas de exchanges ou carteiras para roubar seus dados. Antes de inserir sua senha ou chave privada, confira se está no site oficial e ative a autenticação de dois fatores (2FA) sempre que possível.
Desconfie de ofertas de suporte técnico espontâneas
Fraudadores muitas vezes se passam por representantes de empresas cripto e entram em contato oferecendo “ajuda”. Exchanges legítimas nunca pedem sua senha ou chave privada. Se alguém solicitar esse tipo de informação, é golpe.
Evite enviar Bitcoin para desconhecidos ou ofertas suspeitas
Muitos golpes envolvem pedidos de envio de Bitcoin sob promessas de retornos absurdos. Lembre-se: transações de Bitcoin são irreversíveis. Se você enviar dinheiro para um golpista, não há como recuperar.
Pesquise sobre projetos antes de investir
Antes de colocar dinheiro em uma nova criptomoeda, plataforma de investimentos ou ICO (Oferta Inicial de Moeda), pesquise a fundo. Verifique a equipe responsável, leia reviews e veja se há sinais de pirâmide financeira, como exigência de indicações para lucrar.
Não compartilhe suas chaves privadas
A chave privada é o equivalente à senha de um cofre. Nunca a compartilhe com ninguém. Se alguém tiver acesso a ela, pode transferir todos os seus fundos para outra carteira, e não há como reverter a transação.
Acompanhe notícias e atualizações sobre segurança
O cenário cripto muda rapidamente, e novas ameaças surgem constantemente. Seguir fontes confiáveis e aprender sobre boas práticas de segurança pode ajudá-lo a evitar os golpes mais recentes.
Bitcoin e criptomoedas oferecem inúmeras oportunidades, mas a segurança precisa ser prioridade. Quem investe com consciência, usa ferramentas seguras e evita promessas enganosas tem muito mais chances de aproveitar o lado positivo desse mercado sem cair nas armadilhas.
Siga lendo…
- Na Bity: Maiores golpes de criptomoedas e como evitá-los
- Na UFRJ: Dicas de segurança sobre criptomoedas
- No Reclame Aqui: Golpes comuns associados ao Bitcoin
- Na Time: FTC Warning About Bitcoin ATM Scams
Essas fontes oferecem informações detalhadas sobre golpes passados, tendências de fraudes e práticas recomendadas para evitar prejuízos no universo das criptomoedas.
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