Não é de hoje que Kim Kardashian tenta provar que seu tino fashion é verdadeiro e não uma manobra para movimentar os bilhões do império da família KKK. A receita foi a mesma seguida por cada uma das celebridades (internacionais ou brasileiras) que quer se firmar como digna do respeito fashionista, indicador social dos mais importantes de hoje em dia para quem lhe dá valor: troca-se looks e ensaios hipersexuais por etiquetas parisienses e aciona-se a melhor face “boa moça” para as câmeras – selfies de biquíni não contam aqui, ok? Depois, troca-se de turma de amigos: ao invés dos arroz-de-festa, é de bom senso se aproximar, mesmo que fisicamente, de nomes levados a sério pela moda e, como manda o script da vez, pelas artes. Um refresh na vida amorosa ajuda; melhor um companheiro que cause muito frenesi e dono de um mailing refinado do que um jogador de basquete.
O resultado vem rápido: fila A da Hervé Léger? “Nada disso, estou mais pra couture da Valentino”. Kanye West levou a noiva para sua turma de amigos high-profile (Riccardo Tisci é um dos principais links entre moda e hiphop), que não são exatamente famosos por sua discrição, e a menina cafona de L.A., dona de looks justíssimos, passou a gastar seus dólares de reality-show com o que parecia muito mais verdadeiro e legítimo para sua nova faceta, como se os cliques de cada novo look Céline ou Alaïa a fizessem realmente uma mulher mais séria. Até o closet da recém-nascida North West impressiona: em sua primeira semana de vida, ela já ganhou looks especiais de labels como Lanvin, Givenchy, Hermès, Stella McCartney e sapatos Charlotte Olympia e Giuseppe Zanotti (!).
Chega a hora do casamento. O pedido grandioso em um estádio com trilha de Young and Beautiful, de Lana del Rey, acontece em total sincronia com a dúvida de que esse casal sobreviva até que alguma das partes deixe de ser jovem, bonita ou fashion. Com anúncio na Vogue norte-americana, a festa oficial acontece com direito a jantar pré no palácio de Versalhes, look couture Givenchy (nada parecido com o bolo de noiva da outra vez) e a vista do Forte di Belvedere, em Florença (mas como foi que uma Kardashian foi ganhar um brunch pré-casamento de Valentino e Giancarlo Giammetti, imperadores do bom gosto, mesmo?). Não atrapalha também ter uma irmã nas passarelas de Marc Jacobs e da Chanel ou o irmão que não sai bem em fotos fora das festividades oficiais.
Está tudo aí: o status por aproximação, o culto à celebridade, a empáfia da moda e o furor midiático, como manda o roteiro. Será que agora, então, Kim Kardashian ganha o aval fashionista de uma vez por todas?