Um mundo onde a inteligência e a habilidade física superam a necessidade de armas para resolver conflitos. Esse foi o cenário que o time do super sucesso “As Panteras”, remake do clássico seriado dos anos 1970 lançado em 2000, decidiu criar para virar de cabeça para baixo uma das convenções mais comuns dos filmes de ação: o uso de armas de fogo.
A decisão, tomada principalmente por Drew Barrymore, que não só estrelava como também produzia o filme, foi tanto um manifesto quanto uma declaração de intenções. Mas como isso moldou a recepção do filme?
É preciso voltar uns passos para trás para mergulhar no contexto cultural e pessoal que levou a essa escolha. Drew Barrymore, sempre ativa em discussões sociais desde o estrelato, viu no reboot das Panteras uma oportunidade de fazer uma declaração importante. Ela acreditava que as heroínas poderiam ser igualmente eficazes, se não mais, utilizando suas mentes e seus corpos como ferramentas poderosas de combate, ao invés de armas.
Este conceito não apenas moldou a direção do filme, mas também a maneira como as cenas de ação foram concebidas. Coreógrafos como Cheung-Yan Yuen, conhecido por seu trabalho em “Matrix”, foram trazidos para transformar as sequências de luta em algo mais próximo de algo como um balé de ação, onde a agilidade e a precisão pudessem se tornar as grandes estrelas dos combates, e não os tiros. Em vez de pistolas e revólveres, as protagonistas passaram a usar principalmente suas habilidades em artes marciais, como chutes, socos e acrobacias, além de alguns dispositivos não letais, como sprays de pimenta e dardos tranquilizantes.
A escolha de não usar armas de fogo também se alinha com a mensagem geral do filme, que enfatiza a inteligência, a astúcia e o trabalho em equipe das personagens femininas. Ao invés de depender da força bruta das armas, as Panteras usam sua capacidade de pensar rápido e se adaptar a diferentes situações para superar seus adversários. Essa abordagem contribui para uma representação mais positiva e empoderada, na época, das mulheres no cinema de ação.
Em termos de discurso, a decisão de não usar armas de fogo em “As Panteras” pode ser vista como uma crítica à cultura da violência armada. Ao apresentar um filme de ação em que as protagonistas não precisam recorrer a armas para vencer seus inimigos, a produção sugere que existem outras formas de resolver conflitos e alcançar objetivos. Essa mensagem pode ser especialmente relevante em um contexto social em que a violência armada é um problema crescente.
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Escolhas que fizeram o filme se destacar
O diretor McG, conhecido por seu estilo visual de impacto, trabalhou para capturar o espírito brincalhão e colorido do seriado original, mas com um toque moderno, que ficaria marcado com o humor e a estética dos anos 2000. As locações foram de San Francisco, onde o seriado original se passava, para cenários estrangeiros, refletindo a globalização do entretenimento na virada do milênio. A trilha sonora, marcada pelo hit absoluto “Independent Women”, do grupo Destiny’s Child, não só ajudou a situar o filme no seu tempo, mas também ressaltou o tema de empoderamento feminino.

A química entre Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu foi tão genuína que muitas das melhores cenas de interação entre as atrizes foram improvisadas, adicionando uma camada de autenticidade e humor ao filme. Além disso, o elenco secundário, com nomes como Bill Murray interpretando o mentor das Panteras, Charlie Townsend, trouxe um nível de credibilidade e humor que não se encontrava no seriado original. O uso de tecnologia de ponta para as cenas de ação, incluindo wire fu (uma técnica de fios para permitir movimentos acrobáticos), foi outra inovação que fez o filme se destacar.
Comparando com o original dos anos 1970, “As Panteras” de 2000 é mais uma homenagem que uma réplica. O seriado original tinha um tom mais sério, apesar do seu sex appeal carregado, focando em casos de espionagem com um toque de drama. O filme, por outro lado, optou por uma abordagem mais leve, cômica, beirando o paródico às vezes, embora mantendo a essência das personagens como mulheres fortes e inteligentes. A ausência de armas alterou fundamentalmente como as heroínas lidavam com as ameaças, transformando-as em figuras de astúcia e destreza, um contraste marcante com a imagem das Panteras de pistola em punho do seriado.
O que acontece no filme As Panteras
“As Panteras” de 2000 é uma adaptação cinematográfica do seriado de televisão dos anos 70, trazendo à tona uma narrativa que combina ação, comédia e um toque de espionagem, tudo isso com um elenco principal formado por três mulheres fortes e inteligentes: Natalie (Cameron Diaz), Dylan (Drew Barrymore) e Alex (Lucy Liu).
A história começa com as Panteras sendo enviadas por seu misterioso e nunca visto chefe, Charlie Townsend, para investigar o sequestro de Eric Knox, um programador de computadores brilhante que supostamente desenvolveu um novo e revolucionário sistema de software. As Panteras, trabalhando sob a orientação de John Bosley (interpretado por Bill Murray), rapidamente descobrem que Knox não é a vítima inocente que parece ser. Em vez disso, ele está envolvido em uma conspiração para vender um dispositivo altamente perigoso conhecido como “Titan”, um sistema de vigilância que tem o potencial de acessar qualquer comunicação eletrônica no mundo.
A investigação leva as Panteras por uma série de aventuras que exploram suas habilidades únicas. Natalie, a mais atlética e impulsiva, Dylan, a ex-ladrão com um coração de ouro, e Alex, a mais reservada e altamente treinada em artes marciais, utilizam sua inteligência, agilidade e destreza para desmantelar a trama de Knox. Eles se encontram enfrentando vilões de alto calibre, incluindo a sedutora e perigosa Vivian Wood (Kelly Lynch), que tem seus próprios planos para o Titan.
Ao longo do filme, as Panteras não só lutam contra criminosos, mas também lidam com os desafios pessoais e a dinâmica de sua amizade. Uma cena memorável é quando elas se disfarçam de strippers para obter informações, destacando a combinação única de humor e ação que define o filme. A química entre as três atrizes principais é palpável, adicionando profundidade às suas personagens além de suas habilidades de espiãs.
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A culminação da história ocorre em uma mansão futurista onde Knox planeja lançar o Titan. As Panteras, com estratégia e um pouco de improvisação, conseguem impedir o lançamento do dispositivo, salvando o mundo de uma invasão de privacidade sem precedentes. O filme termina com as Panteras sendo reconhecidas por Charlie e Bosley por seu trabalho exemplar, mas, fiel ao espírito da série original, elas continuam anônimas, trabalhando nas sombras para o bem maior.
Como termina o filme As Panteras, de 2000
No clímax de “As Panteras”, as três heroínas chegam à mansão de Vivian Wood, onde Knox planeja lançar o Titan, o dispositivo de vigilância global. Em uma batalha que mistura inteligência e acrobacias, as Panteras conseguem desarmar o sistema antes que ele seja ativado. Alex, utilizando suas habilidades de combate, enfrenta Knox diretamente, enquanto Natalie e Dylan trabalham para desativar o Titan. No entanto, há uma reviravolta quando se revela que Vivian Wood é a verdadeira mente por trás da operação, e não Knox, que estava sendo manipulado. As Panteras, com astúcia, conseguem prender Vivian, salvando o mundo de uma ameaça de vigilância sem precedentes.
O filme termina com as Panteras sendo parabenizadas por Charlie através de seu sistema de comunicação, mas sem revelar suas identidades ao mundo, mantendo a tradição do seriado original. Bosley, que havia sido capturado, é resgatado pelas Panteras, reafirmando a força de sua equipe. A última cena mostra as três amigas se divertindo, rindo e celebrando sua vitória, reforçando a mensagem de amizade e trabalho em equipe. O final deixa claro que, apesar das aventuras e perigos enfrentados, as Panteras continuam prontas para a próxima missão, sempre com o apoio umas das outras e de Charlie, que continua sendo uma voz, mas nunca um rosto.
A recepção do filme foi uma mistura de elogios e críticas. Críticos aplaudiram a química do elenco e a revitalização do conceito das Panteras, valorizando a decisão de evitar armas como uma declaração refrescante. No entanto, alguns sentiram que o roteiro não explorava suficientemente o potencial das personagens, relegando-as a figuras mais decorativas que profundas.
Apesar disso, o filme foi um sucesso de bilheteria, provando que o público estava pronto para um novo tipo de heroína de ação. “As Panteras” de 2000 não só rendeu uma sequência, mas também deixou um legado de como filmes de ação podem ser feitos de maneira diferente, com um foco renovado na inteligência e na habilidade física sobre a força bruta.
Quem é quem no elenco de As Panteras
- Cameron Diaz como Natalie Cook: Natalie é a Pantera mais atlética e otimista do trio. Ela é cheia de energia, sempre pronta para a ação, e muitas vezes toma decisões impulsivas que acabam por funcionar a favor da equipe. Sua habilidade em esportes e acrobacias é destacada em várias cenas do filme.
- Drew Barrymore como Dylan Sanders: Dylan é a ex-ladrão com um coração de ouro. Sua história de fundo adiciona uma camada de complexidade à sua personagem; ela é inteligente, manipuladora quando necessário, mas também muito leal e protetora de suas amigas. Sua habilidade para disfarces e infiltração é uma das suas maiores forças.
- Lucy Liu como Alex Munday: Alex é a Pantera mais reservada e altamente treinada em artes marciais. Ela é a mais tática e calculista das três, usando sua inteligência e habilidades de combate para resolver situações. Sua calma sob pressão é um contraste marcante com a energia de Natalie e a astúcia de Dylan.
- Bill Murray como John Bosley: Bosley é o assistente de Charlie e o contato direto das Panteras. Ele é o mentor, amigo e às vezes a figura paternal do grupo, fornecendo orientação, apoio logístico e humor. Murray traz um tom cômico e sarcástico ao personagem, que é fundamental para o dinamismo do filme.
- Tom Green como Eric Knox: Embora não faça parte do núcleo das Panteras, Knox é central na trama como o programador de computadores supostamente sequestrado, que mais tarde se revela estar envolvido com o vilão. Ele é ingênuo e nerd, mas com uma inteligência que o torna tanto uma vítima quanto um potencial perigo.
- Kelly Lynch como Vivian Wood: A verdadeira antagonista do filme, Vivian é uma socialite rica e manipuladora que está por trás do plano de lançar o Titan. Ela é astuta, carismática e usa sua aparência e status para esconder suas verdadeiras intenções, tornando-a uma vilã formidável para as Panteras.

Como As Panteras, de 2000, se compara ao título original
O remake de “As Panteras” em 2000, dirigido por McG, é uma reinterpretação significativamente diferente do seriado original dos anos 70, tanto em estilo quanto em substância. Enquanto o seriado original se baseava em uma narrativa de espionagem mais direta, com um forte apelo visual de época que incluía carros exóticos, roupas chamativas e um claro sex appeal, o filme de 2000 opta por um tom mais cômico, quase paródico, trazendo o humor e a ação ao primeiro plano. Além disso, a decisão de não usar armas, impulsionada por Drew Barrymore, marca uma divergência notável do original, onde as Panteras frequentemente recorriam a armas de fogo para resolver conflitos. Este aspecto reflete uma abordagem mais moderna e crítica à violência em filmes de ação, destacando a inteligência e habilidades físicas das protagonistas.
Em termos de produção, o filme de 2000 abraça uma estética mais contemporânea, com sequências de ação influenciadas por filmes como “Matrix”, utilizando efeitos visuais e coreografia de luta avançadas para a época. Isso contrasta com o original, que, embora inovador para sua época, estava limitado pelas tecnologias de produção disponíveis nos anos 70, resultando em uma ação mais direta e menos elaborada. A trilha sonora do remake também é um ponto de divergência, com músicas pop modernas que ajudam a situar o filme no início do novo milênio, enquanto o seriado original contava com temas instrumentais mais clássicos. A química entre as atrizes do filme – Cameron Diaz, Drew Barrymore, e Lucy Liu – adiciona uma dimensão de amizade e dinâmica de grupo que, embora presente no original, ganha um novo nível de profundidade e humor no remake.
A recepção e o impacto cultural dos dois também diferem. O seriado original das Panteras, com personagens como Jill, Sabrina e Kelly, foi um fenômeno televisivo que influenciou a cultura pop com seu estilo e representação feminina na ação, mesmo que muitas vezes criticado por ser sexista. O filme, por outro lado, foi recebido como uma celebração das heroínas de ação do final dos anos 90 e início dos 2000, com uma ênfase maior em empoderamento feminino e diversidade. O sucesso de bilheteria do filme de 2000, apesar de críticas mistas sobre o roteiro, demonstra que havia um apetite por uma versão atualizada das Panteras, uma que não se prendesse aos estereótipos do passado, mas que ao mesmo tempo homenageasse o legado das personagens.
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Curiosidades do filme As Panteras para notar ao rever
Inspiração em “Matrix”: A coreografia das cenas de luta foi fortemente influenciada pelo estilo de “Matrix”, com o mesmo coreógrafo, Cheung-Yan Yuen, trabalhando em ambos os filmes. Isso resultou em uma estética visual única para as sequências de ação.
Sem Armas: A decisão de não usar armas no filme foi uma escolha pessoal de Drew Barrymore, que é conhecida por sua posição contra o uso de armas. Isso moldou a maneira como as Panteras lidam com os vilões, focando em agilidade e inteligência.
Improviso no Set: Muitas das cenas de interação entre as três atrizes principais foram improvisadas, contribuindo para a química natural e o humor do filme. A cena mais famosa disso é a dança das Panteras no clube.
Easter Eggs ao Original: O filme contém várias referências ao seriado original, como o uso de carros esportivos e a introdução de Charlie apenas por sua voz, mantendo o mistério sobre sua identidade.
Casting de Bill Murray: Bill Murray foi escolhido para interpretar Bosley após ser convencido por Wes Anderson, que estava trabalhando com Murray na época. Murray inicialmente não estava interessado no papel.
Lucy Liu e as Artes Marciais: Lucy Liu, que interpreta Alex Munday, já era conhecida por seus papéis que exigiam habilidades de artes marciais, como em “Kill Bill”. Ela trouxe muita autenticidade às cenas de combate do filme.
Sequência de Abertura: O filme começa com uma sequência de abertura que é uma homenagem direta ao seriado original, com as Panteras em uma perseguição de carro, mas com um toque de humor e modernidade.
Cameos e Referências: O filme é cheio de cameos e referências culturais; por exemplo, a participação de LL Cool J como o chefe de segurança de Knox e até mesmo uma breve aparição de Crispin Glover como um personagem excêntrico.
Impacto no Cinema de Ação Feminino: “As Panteras” ajudou a moldar a imagem das heroínas de ação no cinema, mostrando que mulheres poderiam protagonizar filmes de ação com humor, inteligência e destreza física, sem depender de armas.
Sucesso também na trilha sonora
A trilha sonora de “As Panteras” de 2000 é uma coleção diversificada de músicas que ajudam a capturar a energia e a diversão do filme. Ela é liderada por “Independent Women, Pt. I” do Destiny’s Child, uma faixa que não só define o tom do filme com sua mensagem de empoderamento, mas também se tornou um dos maiores sucessos da trilha sonora, refletindo a independência e a força das protagonistas. A música é seguida por uma seleção eclética que varia de clássicos como “Heaven Must Be Missing an Angel” de Tavares e “You Make Me Feel Like Dancing” de Leo Sayer, que trazem um toque nostálgico, a sucessos mais contemporâneos na época como “Baby Got Back” de Sir Mix-a-Lot, adicionando um ritmo dançante ao conjunto.
A trilha sonora também inclui “Angel’s Eye” de Aerosmith, uma música originalmente escrita para o filme, que adiciona um elemento de rock clássico que ressoa com a ação e a atitude das Panteras. Outras faixas como “Baracuda” de Heart e “Turning Japanese” de The Vapors continuam a oferecer uma mistura de rock e pop que complementa perfeitamente os momentos de adrenalina e humor do filme. Adicionalmente, músicas como “True” de Spandau Ballet e “Brandy (You’re a Fine Girl)” de Looking Glass trazem uma sensação de romance e nostalgia, contrastando com a intensidade das cenas de ação.
A diversidade da trilha sonora é ainda mais destacada com inclusões de “Got to Give It Up, Part 1” de Marvin Gaye, “Ya Mama” de Fatboy Slim, e “Groove Is in the Heart” de Deee-Lite, cada uma adicionando seu próprio tempero cultural e musical, seja através do funk, do big beat ou do dance-pop, respectivamente. “Charlie’s Angels 2000” por Apollo 440 serve como uma faixa temática que reforça a identidade do filme, enquanto “Tangerine Speedo” de Caviar fecha a trilha com uma nota lúdica. Esta trilha sonora não apenas suporta a narrativa do filme, mas também captura a essência do início dos anos 2000, sendo um retrato sonoro da época em que o filme foi lançado.
Onde assistir ao filme As Panteras, com Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore
O filme é atração da Sessão de Sábado de hoje, 15/02, na programação da TV Globo.
Além disso, o filme “As Panteras” também está disponível para assistir online no catálogo dos streaming Netflix, Prime Video e Max, para assinantes.
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