Tom Ford, inverno 2017: tempo é elegância (e dinheiro!)

Tom Ford levou sua grife homônima de volta a Nova York (foi lá aquele primeiro desfile estrelado que marcou a estreia da linha feminina) para exibir as últimas novidades da temporada passada. Explico: ao invés de apresentar verão 2017, estação da vez, ele armou um jantar dançante com seu inverno 2017 no esquema “desfilou, vendeu”. Sem truques, com agilidade inédita: passado o desfile, a coleção completa estava pronta para ser comprada no site da grife. Até os itens da linha de beleza da marca também estavam disponíveis na manhã seguinte.

A dinâmica do see now, buy now é equivalente à dos desfiles de shopping: roupas prontas para serem levadas do evento à vida real, sem escalas. Puxaria, a priori, o mesmo risco, o de que o que é vendido não dá a mesma emoção do que é criado para show. Porém, há um ajuste de expectativa necessário aqui: o que preenche as araras de Tom Ford passa bem longe do que seria levado a um guarda-roupa casual.

Na noite de quarta-feira (07.09), ele abriu extinto Four Seasons para convidados e para uma audiência global através da transmissão ao vivo, desta vez em versão completa, da chegada dos nomes estrelados (Tom Hanks e Rita Wilson, Lauren Hutton, Julianne Moore, Jon Hamm, Kate Hudson) – a cobertura social é tão importante quanto a de moda neste caso – ao show pós-desfile, tudo amarrado pela atmosfera de luxo antigo, tema da noite. A coleção acompanhava o tom, com comprimentos modestos, blusas brilhantes de frente superfechada e costas à mostra, cintos fetichistas sobre saias comportadas em lã cinza ou couro marrom e preto usadas com botas de cano alto cobrindo o que aparecia nas fendas traseiras. Casacos eram sensação em couro ou em pele finalizados por prints de onça ou patches coloridos. No desfecho, a faceta mais glamourosa da assinatura de Tom Ford com longos coluna em versão brilhante, multicolorida ou de linhas minimalistas (usados com joias máxi) como nas entradas de Amber Valletta e Carolyn Murphy (musas da era Gucci).

Os nomes veteranos do casting davam conta de carregar a coleção de maneira mais expressiva. Não era ao acaso; um passeio pelos cliques e pelos itens à venda reforça a ideia de que estilo aqui é também experiência acumulada (não só adquirida). Alguém que não desvendou as facetas mais corajosas de sua personalidade encontraria dificuldades para levar as peças ao closet (vale também para os looks masculinos de inspiração ainda mais direta na década de 1970).

Se a atmosfera pendia quase que excessivamente ao passado, a ideia de ir na contramão da busca incessante pela juventude despontava, no final, como novidade. Na sintonia das estações vigente e desfilada, no tema da noite, na elegância vintage de seu microuniverso, na suspensão da pressa ou no imediatismo dos negócios, elegância para Tom Ford é uma questão de tempo. Pelo menos enquanto durar esta temporada.

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