Dono de grande rede de lojas de brinquedo entrega empresa aos funcionários

Dono transfere 100% da empresa para funcionarios

Gary Grant, fundador da The Entertainer, maior rede de lojas de brinquedos do Reino Unido, decidiu que é hora de passar o bastão — mas não para outro empresário ou fundo de investimento.

Aos 66 anos, ele está entregando 100% do controle da companhia para seus 1.900 funcionários.

Grant abriu sua primeira loja ao lado da esposa, Catherine, em 1981, quando tinha apenas 23 anos e nenhuma experiência no setor. De lá pra cá, a marca cresceu para 160 lojas no país, conquistando um espaço sólido no mercado mesmo em tempos difíceis — sobreviveu à crise de 2008, à pandemia, ao declínio das ruas comerciais e ao avanço do e-commerce.

Agora, a empresa será de um employee ownership trust, um modelo em que os empregados se tornam coproprietários, com direito a parte dos lucros e voz nas decisões. “Vender só pelo dinheiro não seria passar o bastão da forma que nossa família queria”, disse Grant à BBC.

Grande parte dos lucros da rede vem no período que antecede o Natal. Por isso, Grant afirma que ainda é cedo para saber se haverá bônus para os funcionários neste ano fiscal. A expectativa é que as “recompensas de verdade” cheguem no ciclo que termina em janeiro de 2027.

O arranjo também garante que a família Grant receba uma compensação pela venda de sua participação, paga gradualmente a partir dos lucros. Em seu último balanço, até janeiro de 2024, a rede registrou £6,7 milhões em lucro antes de impostos.

A gestão da The Entertainer sempre seguiu princípios do fundador : as lojas não abrem aos domingos e 10% dos lucros anuais vão para causas sociais. Além das próprias unidades, a rede também abastece brinquedos para mais de 850 lojas da Tesco e tem espaços em 140 unidades da Matalan.

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De um emprego perdido a um império de brinquedos

Grant deixou a escola com apenas um certificado O Level e foi demitido de seu primeiro trabalho em uma loja de bicicletas. Pouco depois, ele e Catherine conseguiram um empréstimo e compraram uma pequena loja de brinquedos. O resto é história.

Dos quatro filhos do casal, apenas dois trabalham na empresa, mas eles têm outros planos de vida. Após anos planejando a sucessão, a família optou pelo modelo de propriedade compartilhada para manter a cultura e os valores que marcaram a trajetória da marca. Hoje, cerca de 400 funcionários têm mais de 10 anos de casa, e 50 deles passaram das duas décadas de serviço.

Em 2023, a família nomeou Andrew Murphy — ex-executivo da John Lewis Partnership, outro ícone britânico de propriedade compartilhada — como CEO. Ele e a liderança terão controle total quando a transferência for concluída no próximo mês.

Murphy destaca que o modelo tem vantagens, como impedir que ativos sejam vendidos para ganho pessoal e permitir que todos participem dos resultados. Por outro lado, limita a captação externa de recursos. Ainda assim, a The Entertainer não tem dívidas de longo prazo e não precisa de novos aportes no momento.

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Grant admite que vai ser difícil “desligar o computador” depois de quatro décadas à frente da empresa, que ele descreve como seu “quinto filho”. Seus planos incluem passear no barco estreito que comprou, aproveitar mais tempo com os 10 netos e se dedicar a causas sociais.

“Não saio com tristeza. É bom ver a empresa saudável e pronta para seguir forte. Se estivesse em crise, seria muito mais difícil”, afirma.

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