Informação de moda vs. looks da vida real. O encontro dos dois universos pauta a dupla de fotógrafos Melissa Szymanski e Marcos Paulo na primeira edição do zine fotográfico Transmeet.
O trabalho começou com o registro da moda de quem circula pelos metrôs de São Paulo. Ao longo de três meses, Melissa e Marcos fotografaram o “editorial da vida real” que ganha parte das páginas da publicação. As outras são dedicadas à reinterpretação indireta das investigações no ensaio estrelado por Jéssica Faustino, com styling da dupla e beleza de Rosana Helerbart. Funciona como um exercício direto no diálogo entre imagem de moda e as roupas de quem a veste: quem constrói e quem reflete considerações de estilo?
No aquecimento para o evento de lançamento – neste sábado (17.09), no espaço do Elevado, em São Paulo -, eles detalham, em entrevista, suas ideias sobre o trabalho, listam os desafios práticos da iniciativa e já indicam também o que pautará a próxima edição do Transmeet. Leia na sequência.
Qual é a ideia da nova publicação?
Nosso objetivo é desenvolver uma publicação de fotografia de moda com viés em comportamento. Queremos usar a moda como ponto de partida no intuito de traçar um panorama visual da relação das pessoas com o vestuário e, principalmente, com o que são e o meio em que vivem; unir fotografia de moda, estilo, vida real e cidade em conteúdo bacana e positivo, acessível e disponível a todas as pessoas – por isto, a distribuição é gratuita.
O Transmeet procura respostas a quais questionamentos de vocês sobre moda e estilo?
Nosso zine é a favor do empoderamento das minorias, visa mostrar a sociedade como ela é. Sem distinção de corpos, etnias ou tipos físicos. A premissa é o estilo e seu resultado estético imagético. Afinal de contas, para quem servem aquelas antigas regras da moda, do tipo “listras são apenas para um tipo físico”, “saia é para mulher”? As revistas convencionais dificilmente mostram a vida real. Nossa filosofia é “vista quem você é”.
Como os cliques das pessoas do metrô influenciaram as ideias que foram para o editorial?
Quando começamos a desenhar a primeira edição e chegamos ao tema “vida real”, imaginávamos que poderíamos encontrar muita gente interessante pelas ruas e pelas estações de metrô, mas sem fazer ideia da dimensão que isto tomaria. Paralelamente, levamos a modelo Jéssica Faustino, toda a produção de moda que conseguimos e a maquiadora Rosana Helerbart para o metrô para cobrirmos a ideia de “informação de moda”. Tivemos uma grata surpresa: tem muita gente bacana, de atitude e estilo andando de metrô! Por conta disto, no final, o editorial continua nas páginas, mas em escala menor que os registros reais.
Quais são os desafios práticos de lançar uma publicação independente?
Reunir pessoas de áreas diversas e engajá-las em nosso propósito é o primeiro deles. Depois, vem os diferentes estágios do processo, dos criativos (fotografia, edição, tratamento, diagramação) aos mais burocráticos (escolher gráfica, fazer orçamentos de cartão). Não tivemos nenhum investimento que não tenha saído do nosso bolso nesta primeira edição, então conciliar com as atividades paralelas (trabalho!) e dedicar todas as horas vagas ao Transmeet foi o maior desafio prático.
Há profissionais, trabalhos ou publicações já existentes com as quais vocês se identificam e que dialogam com a proposta do Transmeet?
Fotógrafos de rua ou de moda nos servem como inspiração, nomes como Juergen Teller, Nan Goldin ou até mesmo as fotos da Vivian Maier. Porém, vemos em nossa proposta o diálogo entre a vida sem ensaios, o encontro da moda com o fotojornalismo e os retratos anônimos das pessoas reais. Nossas antenas estão ligadas para captar todos esses sinais.
Como a união dos olhares de cada um sobre a moda se complementam?
A Melissa é formada e pós-graduada em moda e muito por conta da sua temporada como fotógrafa na revista italiana Moda Pelle, em Milão, seu olhar acabou por adquirir um refinamento mais clássico. Por outro lado, o Marcos é formado em comunicação social com extensão em pesquisa de tendências, com olhar é voltado para movimentos da internet e da moda das ruas. A nossa união reflete diretamente no que o Transmeet se tornou, tanto no tema quanto no projeto gráfico mais minimalista.
Finalizada a edição de estreia, já pintaram novas questões para a próxima?
Sim! O zine será publicado trimestralmente e o posicionamento será sempre o mesmo. O tema da próxima edição está em desenvolvimento, mas podemos garantir que abordaremos ainda mais a questão do corpo! Também estamos discutindo a entrada de mais conteúdo, talvez ampliar a publicação. No lançamento, estamos com 52 páginas. Também fazem parte do trabalho os esforços para trazer mais força à publicação: buscar investimento, refletir se teremos anunciantes ou se seguimos para uma campanha de financiamento… Muitas questões já borbulhando!
Transmeet #1 – Lançamento
17/09 (sábado) – 13h às 19h
Entrada gratuita
Elevado – Rua Dr. Albuquerque Lins, 489 – Santa Cecília, São Paulo, SP
Para seguir: @transmeetzine no Instagram e no Facebook.