Os problemas de “X” nos EUA

Olha só, o álbum X da Kylie Minogue fechou sua primeira semana (foi até uns dias a mais) e entrou em #139 no top 200 da Billboard, vendeu cerca de 5.500 cópias, ficando atrás de quase todo mundo. Em dias de vários posts tipo ‘erros de gravadoras’, acho bacana prestar um pouco mais de atenção na investida.

Primeiro, o álbum não teve um ‘build up’ né? Como primeiro single, o “pessoal” escolheu a faixa All I See, uma das mais fracas de X e, pra poder ficar r&b, achou que era suficiente colocar o rapper Mims soltando algumas rimas pela música. O single foi lançado primeiro no formato digital, direto pras vendas em Março, e será lançado para as rádios só semana que vem, um caminho um pouco na contramão de quem espera instigar a audiência com uma música, criando aquela antecipação pelo álbum inteiro. Pelo menos esse é o caminho mais usado nos lançamentos de artistas do porte de Kylie (e quase por todo mundo).

Outro ponto contra, a faixa não tem clipe! Como é que pode? Mesmo em tempos de discussão do papel do videoclipe, como tem sido seu aproveitamento, ele é uma ferramenta certeira em qualquer lançamento, não é? Hoje sempre tem o movimento “corremos para o youtube para ver o clipe novo”, ele entra na programação das redes de tv de clipes, cai no overdrives da vida, roda os mais diversos sites e blogs, sempre cria um burburinho. Já que esse burburinho não veio, qual foi a idéia de divulgação: coloca a Kylie em quatro apresentações na tv (incluindo no Dancing WIth The Stars, uma audiência bem grande da tv americana nesses tempos), joga todo seu histórico nos releases para ver se impressiona e torce pra dar certo! Resultado? Não deu.

Agora pra mim, o ponto principal da questão foi a tentativa de seguir a corrente e tentar colocar Kylie como mais uma cantora que tem um sucesso pop-r&B-esco para seduzir as rádios e os compradores. Desde o começo, vi que esse era o caminho mais difícil da coisa acontecer, uma pena, já que o álbum tem seu charme e poderia sim ter mais destaque se o lançamento fosse pensado em outras direções, ter uma vida por exemplo com In My Arms ou Wow nas paradas de dance club e airplay. Entre os álbuns eletrônicos da Billboard, X chegou em #4 pra ver como a idéia de colocar Kylie como mais uma cantora pop com material voltado para o r&b foi um tiro n’água.

O interessante é que o lançamento tem muito a ver com a forma como vários artistas que bombam em paradas européias têm suas carreiras norte-americanas programadas pelos selos, na tentativa de um sucesso crossover.

Dá pra identificar dois caminhos possíveis: movimentar a carreira inteira do artista buscando a presença mundial, como no caso recente do sucesso da Leona Lewis que, com um álbum bem mediano, teve o marketing todo voltado para sua possível grandiosidade no mercado americano desde o começo (teve até release em envelope de veludo!) ou perceber que, mesmo com a hegemonia do hiphop nas paradas americanas, há espaço para nichos mais concentrados, com mercados menores sim, mas onde um hit em dance por exemplo é mil vezes melhor que um total não-hit nas paradas de r&b.

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Kylie cantando All I See no Dancing With The Stars

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