Mas e o Bernhard Willhelm?

Claro que o ótimo Style.com é fonte segura e boa pra acompanhar os desfiles internacionais, mas é bem duro descobrir que por todo esse tempo eles escondem desfiles de grifes e estilistas não tão “importantes” (ou comerciais ou bem sucedidos ou afetuosos) que estão nos calendários das semanas de moda oficiais.


Bernhard Willhelm – Verão 2010 (via The Fashionisto)

POR EXEMPLO: estivemos até este domingo acompanhando a todo vapor os desfiles masculinos de verão 2010 em Milão e Paris no nosso bom e velho confiável http://men.style.com. Mas e se eu quiser ver o desfile do alemão (e Galliano muderno) Bernhard Willhelm? Não tem. E se tentar correr pra versão italiana, http://men.style.it, home online L’Uomo e da GQ? Também não.

Eu tenho duas sugestões de links pra abrir um pouco o leque de referências, ainda mais na fechada moda masculina que já tem que brigar de coleção em coleção com o medo do homem de explorar mais seu guarda-roupa.

A primeira, que comecei a frequentar a pouco tempo, é o blog The Fashionisto (www.thefashionisto.com) que, além do nome ótimo, tem uma linha de cobertura de grifes (e também de produtos!) bem bacana, cobrindo também grifes participantes das semanas de moda mas que não aparecem em outros sites maiores.

Outra fonte ótima de imagens é o site do fotógrafo Sonny Vandevelde (http://sonnyphotos.typepad.com/), com cliques de desfiles mais periféricos (é essa a palavra?) como apresentações de estudantes e grifes que desfilam ao redor do mundo com trabalhos que vale conhecer, tanto masculinos como femininos.

Se a gente tem acesso livre à uma parcela da informação de moda, dá pra ter relação direta com as idéias dos centros lançadores de moda e começar a digerir tantas imagens do mercadão de luxo e periférico com resultados práticos no nosso guarda-roupa, tendo rota alternativa à homogeneidade de estilo (como Gloria Kalil fez questão de lembrar ontem na ótima participação no programa Roda Viva da Cultura – foi tipo Carine na CNN de importante).

Dá pra lembrar ainda de um comentário recente do Ocimar Versolato no Garden Girls (do FilmeFashion), que esse acesso tão fácil e rápido às informações fez com que os desfiles ocupassem também a velha posição da revista de moda, como difusor de informação e imagem, lembrando que até seis ou sete anos atrás a gente não tinha foto do desfile no dia seguinte pra ver, comentar, usar e copiar!

Isso tudo pra pensar que essa pluralidade e diversificação dos desfiles auxilia muito e enriquece nossa experiência de moda e nossa bagagem de referências. Dá ainda pra pensar em descobrir como os negócios dessas grifes que eu tô chamando de médias (mas que muitas já estão lado a lado no mercado de luxo) funcionam, o que elas podem ensinar pro nosso mercado (pra pensar mais ainda em todas as vezes que Gloria Kalil tocou no assunto ontem no programa) e o que desfiles arriscados (tanto em styling e imagem como em ideias de novos produtos e até sua significação como comentário social) como os de Bernhard Willhelm e de Henrik Vibskov podem inspirar tanto quanto o novo terno (bem cortado e com barra dobrada) da Lanvin.


Henrik Vibskov – Verão 2010 (fotos de Sonny Vandevelde)

Cadê os desfiles de toda essa gente que se forma todo ano nas faculdades de São Paulo (e do Brasil também), cadê fotografias e imagens ‘meio-erradas’ que tão atrás de pensamentos mais diversos ou mesmo campanhas de grifes que estão nas semanas de novos talentos (Casa de Criadores e Rio Moda Hype)? Alguém sabe de trabalhos como os dos dois blogs gringos acima por aqui? Tem criadores fazendo isso no Facebook ou com álbum no Flickr?


Looks de Felipe Oliveira Baptista e Atelier Gustavo Lins

Pra fechar o pensamento, falei mais de moda masculina por ser o assunto da hora, mas a situação é A MESMA com desfiles de alta-costura (de pronto-pra-vestir também): só pra usar de exemplo rápido, enquanto o Style.com colocou foto dos dez maiores desfiles na temporada passada, preso aos nomes mais conhecidos, o site (e por consequencia a massa que o utiliza como referência) deixou de ver a alfaiataria-couture de Felipe Oliveira Baptista ou o desfile do único brasileiro que atualmente faz parte do seleto grupo, Gustavo Lins.

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