É como vender o mesmo apartamento pra duas pessoas

Aqui onde eu moro teve um caso, há alguns tantos anos (eu ainda ouvia pagode), que repercutiu pela cidade: o caso do empreendedor imobiliário que vendia, em seus lançamentos, o mesmo apartamento para várias pessoas diferentes.

Eu conhecia todos os lados da história: o empreendedor era meu vizinho próximo (seu cachorro até migrou pra minha casa), várias pessoas que eu conhecia (tipo professora de inglês, diretora da escola, etc) foram vítimas do golpe enquanto o resto da família desfilava com carros importados na chegada à escola comentando sobre as temporadas de compras em algum balneário chique pelo mundo.

Eu não conseguia entender direito como tudo funcionava (eu tava ocupado demais comprando o cd do Só Pra Contrariar) mas, no fim, a história não acabou bem, obviamente: os compradores perderam boa parte do investimento, o empreendedor perdeu os carros e as viagens a Mykonos (não só por causa desse golpe específico). Eu perdi uma amiga mas ganhei um cachorro. Aprendi também, bem cedo, que eu não podia vender o mesmo item à mais de uma pessoa, acabando com minhas ambições empresariais da época.

Experiência diferente deve ter sido a do Ryan Tedder, conta aí Kelly Clarkson:

“Ryan and I met each other at the record label, before he was working with anyone else (…) We wrote about six songs together, four or five of them made the album. It was all fine and dandy.!”

(Compradores felizes com o novo apê na praia.)

“I’d never heard of a song called Halo. [Beyonce’s] album came out when my album was already being printed.”

Xiiii.

“In the end, they’re releasing it without my consent,” (…) I already made my album. At this point, the record company can do whatever they want with it. It’s kind of a shitty situation, but.… You know, you learn.”

Já dizia Alanis Morisette. Pra gente ficar sabendo, vamos ouvir uma e outra:


Agora a cria bastarda:

Isso aí, amigos. Essa promiscuidade musical nos grandes selos é tão comum quanto o golpe dos apartamentos virtuais.

É faixa feita pra uma que vai pra outra (como Umbrella, de Britney para Rihanna), é música que ninguém ouviu mesmo de uma pseudo-punk para uma balladeer (I Will Be, de Avril para Leona), é sample roubado de diva pra diva (Firecracker, da japa Yellow Magic Orchestra, de Mariah pra Jennifer Lopez).

No caso da Kelly Clarkson, acho que bate mais forte porque a coitada foi tão plastificada pro seu recente All I Ever Wanted, depois do fracasso comercial do anterior My December (mas de liberdade criativa muito maior, segundo a própria), que dá tristeza dela virar copiona por causa da má escolha da label atrás na rasteira do hit de Beyoncé.

SE LIBERTA DAS ALGEMAS KELLY!

(via MuuMuse e About Top 40/Pop)

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