Vai lá e faz: as colagens fashionistas do Sacro & Profano

Um dos elementos legais da moda é sua capacidade de adaptação: vai das leituras de comportamento ao topo da pirâmide do mercado de luxo, famoso por seu potencial inovador. Imagens são ferramentas das principais, seja como instrumento de trabalho, como ponta final de processos criativos ou como traduções/interpretações de movimentos e tendências captadas pelo radar fashionista.

O diretor de arte João Magagnin uniu os dois elementos e mirou sua atenção nas possibilidades de ressignificado através do remix de fotos marcantes, editoriais e imagens publicitárias. Como damos conta de tanta produção? Quais seus efeitos? Daí, passou a reunir colagens artesanais no perfil Sacro & Profano do Instagram, lançado em agosto. O próprio João detalha a iniciativa no papo abaixo; ao longo da página, você conhece alguns dos trabalhos que ganham o feed na rede social. Follow obrigatório (@sacroeprofano) para acompanhar novidades!

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O que define o projeto?
O perfil @sacroeprofano nasceu da ideia de remixar de referências da moda que desconstruam marcas e fotografias para criar uma nova versão de tudo que vemos (ou já vimos) em revistas e outra publicações impressas. Reúne minimalismo e maximalismo, por exemplo, em fotos da Céline justapostas com o fator sexy de campanhas da Versace. A própria brincadeira da Chanel, que utilizou a técnica para apresentar a coleção mais recente nas revistas e na internet, é um bom exemplo dessa maneira de apresentação de novas imagens utilizando conteúdos já produzidos e comumente descartados temporada após temporada.

Como suas imagens são feitas?

As colagens são feitas através de processo manual de curadoria de revistas de moda e comportamento. Depois de selecionadas (adoro, inclusive, utilizar as edições de setembro dos títulos), reflito sobre possíveis visões que exprimam um sentido além do que é mostrado diretamente. Daí vem a conexão entre personagens, objetos, cenas e frases. Após os recortes, começo a esquematizar de forma mental, e em seguida prática, a organização, a harmonia e muitas vezes a bagunça proposital das imagens. Tudo é feito de forma manual, utilizando papel, tesoura e scanner pra digitalizá-los.

O que uma colagem tem de caráter próprio versus uma imagem simples?

Num mundo onde o consumo toma espaço em todos os espaços e sua interpretação imagética se firma como linguagem artística, as colagens traduzem alguns de seus aspectos culturais. Evocam personagens, produtos, logomarcas, monogramas e imagens subliminares em torno de discursos temporais e podem virar ode ou crítica à logomania e aos mecanismos do tipo.

Há nomes famosos que você tem como referência para o trabalho?

Não tenho muitos artistas nos quais me inspiro diretamente. Na verdade, comecei a pensar na produção das peças ainda na adolescência, quando vi no Flickr algumas colagens digitais; na mesma hora me deram a ideia de produzí-las manualmente, unindo criação e terapia. No âmbito artístico, sinto profunda conexão com as obras do Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Keith Haring.

// Para seguir também: @troubleandrew e @bessnyc4.

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