Como a cotação do dólar (USD) influencia o Bitcoin (BTC)
O Bitcoin, a maior criptomoeda do mundo por valor de mercado, é frequentemente descrito como um ativo descentralizado, livre das amarras de bancos centrais e políticas monetária.
No entanto, a cotação não opera em um vácuo. Um dos fatores macroeconômicos que mais impactam o preço do Bitcoin é a cotação do dólar americano, a moeda de referência global. Mas como exatamente o dólar influencia o Bitcoin? Aqui, você entende explora essa relação complexa, os mecanismos econômicos, as dinâmicas de mercado e os fatores psicológicos que conectam essas duas forças financeiras.
O dólar como referência global
O dólar americano (USD) é a principal moeda de reserva mundial, usada em transações internacionais, comércio de commodities e como base para precificação de ativos financeiros. No mercado de criptomoedas, a maioria das exchanges utiliza o dólar como referência para pares de negociação, como BTC/USD. Isso significa que as flutuações no valor do dólar, seja em relação a outras moedas fiduciárias ou em termos de seu poder de compra, têm um impacto direto na percepção de valor do Bitcoin (BTC).
Quando o dólar se fortalece, seja por aumento nas taxas de juros nos Estados Unidos, políticas monetárias restritivas do Federal Reserve (Fed) ou maior demanda por ativos denominados em dólar, o preço do Bitcoin em dólares tende a enfrentar pressão de baixa. Isso ocorre porque um dólar mais forte aumenta o custo relativo de aquisição de ativos alternativos, como o Bitcoin, para investidores que operam em outras moedas.
Por outro lado, quando o dólar se enfraquece, o Bitcoin frequentemente experimenta um impulso, já que investidores buscam alternativas para proteger seu capital contra a desvalorização da moeda.
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Taxas de juros e política monetária
Um dos principais canais pelos quais o dólar influencia o Bitcoin é a política monetária do Fed. Quando o Fed eleva as taxas de juros, como tem feito em períodos de combate à inflação, o dólar tende a se valorizar. Isso ocorre porque taxas mais altas atraem investidores estrangeiros em busca de melhores retornos em ativos denominados em dólar, como títulos do Tesouro americano. Para o Bitcoin, esse cenário pode ser desafiador.
Ativos de risco, como criptomoedas, ações de tecnologia e commodities especulativas, frequentemente sofrem em ambientes de altas taxas de juros. O aumento do custo de oportunidade de manter ativos não geradores de renda, como o Bitcoin, leva investidores a redirecionarem seu capital para opções mais seguras, como os treasuries americanos.
Por exemplo, em 2022, quando o Fed implementou uma série de aumentos agressivos nas taxas de juros para conter a inflação, o preço do Bitcoin caiu de cerca de US$ 69.000 no final de 2021 para menos de US$ 17.000 em meados de 2022, refletindo a força do dólar e a fuga de capital de ativos de risco.
Por outro lado, em períodos de taxas de juros baixas ou políticas expansionistas, como a impressão maciça de dólares durante a pandemia de 2020, o Bitcoin tende a se beneficiar. A desvalorização do dólar, causada por uma maior oferta de moeda, incentiva investidores a buscar ativos de proteção contra a inflação, como o Bitcoin, frequentemente comparado ao “ouro digital” por sua oferta limitada de 21 milhões de unidades.
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Correlação com outros mercados
A relação entre o dólar e o Bitcoin também é influenciada pela correlação do Bitcoin com outros mercados financeiros. Nos últimos anos, o Bitcoin passou a se comportar, em certa medida, como um ativo de risco correlacionado com índices acionários, como o Nasdaq. Quando o dólar se fortalece e os mercados de ações caem, o Bitcoin frequentemente acompanha essa tendência de baixa.
Dados históricos mostram que, em 2023, a correlação entre o Bitcoin e o índice Nasdaq 100 atingiu picos de 0,8 (em uma escala onde 1 indica correlação perfeita), especialmente em momentos de fortalecimento do dólar.
Essa dinâmica reflete a crescente integração do Bitcoin ao sistema financeiro global. Embora o Bitcoin tenha surgido com a promessa de ser um ativo independente, ele não está imune às forças macroeconômicas que regem os mercados tradicionais. Um dólar forte, por exemplo, pode pressionar os preços das ações de tecnologia, reduzindo o apetite por risco e, consequentemente, impactando negativamente o Bitcoin.
O papel das stablecoins
Outro ponto importante na relação entre o dólar e o Bitcoin é o papel das stablecoins, como Tether (USDT) e USD Coin (USDC), que são atreladas ao valor do dólar. Essas moedas digitais desempenham um papel crucial no mercado de criptomoedas, servindo como uma ponte entre moedas fiduciárias e criptoativos. Quando o dólar se fortalece, as stablecoins mantêm seu valor estável em relação ao dólar, mas o impacto indireto no Bitcoin pode ser significativo.
Por exemplo, em momentos de alta volatilidade no mercado de criptomoedas, investidores frequentemente convertem seus Bitcoins em stablecoins para proteger seu capital. Se o dólar está se valorizando, a conversão de Bitcoin para stablecoins pode aumentar, exercendo pressão de venda sobre o Bitcoin e contribuindo para a queda de seu preço.
Por outro lado, em cenários de dólar fraco, investidores podem converter stablecoins de volta para Bitcoin, impulsionando sua cotação.

Fatores psicológicos e especulação
Além dos fatores econômicos, a psicologia do mercado desempenha um papel crucial na relação entre o dólar e o Bitcoin.
O Bitcoin é um ativo altamente especulativo, e sua precificação é influenciada por narrativas e sentimentos do mercado. Quando o dólar se fortalece, a narrativa de que ativos de risco, como o Bitcoin, são menos atraentes pode ganhar força, desencorajando investidores de varejo e institucionais. Por outro lado, um dólar fraco alimenta a narrativa de que o Bitcoin é uma reserva de valor contra a desvalorização de moedas fiduciárias, atraindo mais investidores.
Essa percepção é amplificada em mercados emergentes, onde moedas locais, como o real brasileiro, frequentemente se desvalorizam em relação ao dólar. Em países com alta inflação ou instabilidade econômica, o Bitcoin pode servir como um hedge contra a desvalorização da moeda local, mas sua acessibilidade ainda depende da cotação do dólar. Quando o dólar sobe em relação ao real, por exemplo, o custo de adquirir Bitcoin em reais aumenta, o que pode limitar a demanda local.
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Cenários globais e exceções
Embora a relação entre o dólar e o Bitcoin seja clara em muitos contextos, há exceções. Em momentos de crise global, como conflitos geopolíticos ou choques econômicos, o Bitcoin pode se comportar de maneira menos previsível.
Por exemplo, durante a crise russo-ucraniana em 2022, o Bitcoin experimentou picos de demanda em regiões afetadas, mesmo com o dólar se fortalecendo globalmente, já que investidores buscaram alternativas para proteger seu capital em meio à incerteza.
Além disso, o Bitcoin não é influenciado apenas pelo dólar. Fatores como regulamentações, adoção institucional, avanços tecnológicos (como atualizações na rede Bitcoin) e eventos de mercado, como halvings, também desempenham papéis significativos. Portanto, a relação com o dólar é apenas uma peça do quebra-cabeça.
O que vale mais a pena: comprar dólar ou Bitcoin?
Decidir entre investir em dólar ou Bitcoin envolve uma análise cuidadosa do perfil do investidor, dos objetivos financeiros e do contexto econômico.
O dólar, como moeda de reserva global, oferece estabilidade relativa, especialmente em tempos de incerteza econômica. Ele é amplamente aceito, líquido e menos volátil que o Bitcoin, o que o torna uma escolha atraente para quem busca preservar capital, particularmente em países com moedas locais instáveis, como o real brasileiro.
Em cenários de crise geopolítica ou inflação alta, o dólar frequentemente atua como um porto seguro, atraindo investidores que desejam evitar perdas em moedas fiduciárias mais fracas. No entanto, o dólar não está imune à desvalorização. Políticas monetárias expansionistas, como as adotadas durante a pandemia de 2020, podem erodir seu poder de compra, e os retornos de investimentos em dólar, como em títulos do Tesouro, são geralmente modestos, especialmente quando comparados a ativos de maior risco.
Por outro lado, o Bitcoin apresenta um potencial de valorização muito maior, mas com riscos proporcionais. Como um ativo descentralizado com oferta limitada, ele atrai investidores que buscam proteção contra a inflação ou oportunidades de ganhos expressivos em mercados altistas, como o observado em 2020-2021, quando seu preço disparou. Contudo, a volatilidade do Bitcoin é notória, com quedas abruptas, como a de 2022, que podem devastar carteiras de investidores menos preparados.
Além disso, o Bitcoin enfrenta desafios regulatórios e não tem a mesma liquidez universal do dólar, o que pode complicar sua conversão em dinheiro em certos contextos. Para investidores em mercados emergentes, o custo de aquisição do Bitcoin pode ser elevado quando o dólar está forte, já que sua cotação é geralmente atrelada à moeda americana.
A escolha entre dólar e Bitcoin depende do horizonte de investimento e da tolerância ao risco. Para quem prioriza segurança e liquidez, o dólar é a opção mais confiável, especialmente em momentos de fortalecimento da moeda. Para aqueles dispostos a enfrentar a volatilidade em busca de retornos potencialmente altos, o Bitcoin pode ser mais atraente, sobretudo em períodos de dólar fraco ou incerteza macroeconômica.
No entanto, ambos os ativos não são mutuamente exclusivos, e uma estratégia diversificada pode combinar a estabilidade do dólar com o potencial especulativo do Bitcoin, dependendo das condições de mercado.
A cotação do dólar exerce uma influência significativa sobre a cotação do Bitcoin, moldada por fatores macroeconômicos, dinâmicas de mercado e psicologia dos investidores. Um dólar forte tende a pressionar o preço do Bitcoin, enquanto um dólar fraco pode impulsioná-lo, especialmente em contextos de busca por proteção contra inflação.
Contudo, o Bitcoin não é apenas um reflexo do dólar; sua trajetória é também moldada por fatores únicos ao mercado de criptomoedas. Compreender essa relação é essencial para investidores que desejam navegar pelas complexidades do mercado cripto em um mundo dominado pelo dólar. Ao decidir entre comprar dólar ou Bitcoin, o investidor deve pesar a estabilidade e liquidez do dólar contra o potencial de valorização e os riscos elevados do Bitcoin, considerando o contexto econômico e seus próprios objetivos financeiros.
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