Foi prometido como um reboot; desavisados anunciaram a estreia de Demna Gvasalia no masculino da Balenciaga como o début da grife para eles. Não era. Nicolas Ghesquière fazia, Alexander Wang também. Os códigos da casa (deles) estavam no desfile dessa quarta-feira (22.06) na cobertura do colégio Saint-Louis de Gonzague, em Paris: coleção sisuda, foco na roupa que se usa por fora, tons sóbrios e passadas firmes (ainda que este tenha sido o primeiro desfile de fato da linha) de toada futurista e formal do histórico recente.
Terminada a lista do passado, rumo ao presente (que na verdade é para estação futura): Demna se mostrou consciente de que o trabalho na grife é norteado pelo luxo, com referências obrigatoriamente elevadas para além do streetwear que lhe tornou famoso. O homem Balenciaga não veste agasalho, ainda que suas camisas ganhem elástico tipo jaqueta na barra. Veste terno, casaco, carrega pasta; tem na alfaiataria precisa a expressão de seu status. Só que a formalidade de fashionismo enganoso, vista em profusão nos tantos desfiles de semanas italianas e parisienses, não daria conta do histórico secular da casa (ainda que moda masculina não seja um dos pilares originais da maison); esta mal consegue sair de fato, depois de tantos anos, do plano das ideias. A incursão aqui precisaria ser completa, com alto fator de subversão, marco (já) do trabalho do estilista georgiano.