Para muito poucos: Hedi Slimane aperta o cerco do retorno da Saint Laurent couture

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Atendimento personalizado, itens exclusivos sob medida e notas fiscais de no mínimo cinco dígitos não são suficientes para Hedi Slimane. Diretor criativo da Saint Laurent desde 2012, ele capitaneia o retorno da marca ao universo da alta-costura sob novas regras, como anunciado nessa terça (29); a couture da casa foi interrompida em 2002 com a aposentadoria de seu fundador.

Os fatos são: a linha chamará Yves Saint Laurent e contará com looks para elas e para elas. Não fará parte da agenda oficial da alta-costura (o presidente da câmera francesa de moda não sabia da novidade) e não contará com apresentação ou desfile. A palavra-chave é restrição: apenas clientes aprovados pelo próprio Hedi terão longos de seda (pelo Atelier Flou) ou alfaiataria sob medida (pelo Atelier Tailleur) com a etiqueta; cada look ganhará registro especial em um livro dourado com a logomarca da maison. A campanha que acompanha a novidade é linda, fotografada (claro) por Slimane. Chic.

O raciocínio é fácil de entender (e me permito uma repetição): na ressaca da abertura de todos os processos da moda, apostar na exclusividade (aqui em versão impossível) voltou a ser novidade: superluxo é o novo luxo. Uma das sacadas de Slimane foi colocar roupa com cara de comum na passarela acompanhada por um contexto dos mais inacessíveis: modelos novinhos saídos da grande turma de amigos (magérrimos) que você nunca vai ter com looks de preços exorbitantes (que você nunca poderá pagar) embalados por faixas que só você (só que todo mundo) nunca ouviu falar. O barulho ganhou reação direta com o turnaround do caixa e do potencial de desejo (apagadinhos com o Stefano Pilati) enquanto essa versão de “nem tudo é pra todo mundo” começou a reverberar em quem está passos atrás da visão de Hedi — pensa no uso da palavra jovem ao longo das últimas temporadas, por exemplo. Certo ou errado, este mecanismo é um dos pilares do mercado de luxo; a Saint Laurent fez essa engrenagem voltar a girar em alta potência. Não soa como um presente divino para uma casa de luxo a possibilidade de filtrar um a um os seus clientes, independente do extrato bancário?

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