O primeiro tapete vermelho do ano, no Globo de Ouro 2020, provou mais uma vez que este jogo é dos grandes, não importa quão ressonante seja o discurso de que a moda sempre está atrás de novidades ou de que a moda da “nova década” precisa de revisão de seus valores.
Famosa nenhuma é obrigada a nada – inclusive, quando é, a coisa também desanda -, mas desanima ver a falta de coragem de estrelas e seus times (estes sim, teoricamente experts no assunto) em apostar em nomes mais vigorosos que vêm liderando conversas importantes no meio. Quando se decide que a roupa falará por você, seria bom que ela tenha algo legal a dizer.
Você, celebridade, ainda pode ostentar um look exclusivo, valioso e “aumenta-passe” saído direto das passarelas, mas já pensou se, ao invés da maison francesa, ele saísse da apresentação mais celebrada da última temporada de moda norte-americana (Pyer Moss)? Ou se carregasse no corpo o discurso pró-natureza que você defende no Instagram (Stella McCartney)? Onde está a cota de investimento em sustentabilidade dos gigantes na primeira grande vitrine do ano (Kering, LVMH)? Por que ninguém calçou um sapato de produção responsável (Brother Vellies)?
Sabe quem poderia trazer o assunto à frente? Os nomes mais novos que despontam fora da lista de indicados – esta edição da premiação ficou devendo muito no que diz respeito à diversidade de seus celebrados. Se os mesmos de sempre é quem votam, os mesmos de sempre são vestidos, premiados, aplaudidos e valorizados.
A lista de exceções é pequena, então dá pra ir direto ao ponto. Mary Katrantzou ganhou noite boa com dois looks marcantes pra terminar de comemorar os dez anos de sua marca (Cate Blanchett e Jodie Comer), Billy Porter não mexeu em time vencedor na parceria com o estilista Alex Vinash, Joey King surpreendeu com Iris Van Herpen hipnotizante e Joaquin Phoenix abraçou a causa da família ao unir forças com Stella McCartney no smoking que repetirá em todas as premiações da temporada (mas e a lavagem a seco?).
Menções honrosas para LaQuan Smith na Winnie Harlow (ela encerrou o último desfile da marca), para a Oscar de la Renta para Beanie Feldstein, uma das poucas grifes grandes dedicadas (até hoje!) a vestir alguém que não usa 38 no red carpet, e os dois longos p&b de Cynthia Erivo (Thom Browne) e Greta Gerwig (Proenza Schouler).