O troca-troca de diretor criativo de grife é importante, mas fica muitas vezes na masturbação fashionista entre gente que troca design e estratégias, mas tem muita dificuldade em atualizar processos, ideias, parâmetros e métricas do segmento. Empresas de luxo com o tal do olhar à frente, mas empresas da mesma maneira.
Assim, parece interessante o novo caso da Courrèges, sob o novo comando de Yolanda Zobel desde fevereiro. Famosa (também) pelo vinil, a ideia da grife é começar a trocar seu uso habitual do plástico por matéria-prima de origem eco-responsável. Seguindo o raciocínio, os insumos já adquiridos pela casa, ao invés de descartados, agora serão transformados na coleção Fin de Plastique, de contagem regressiva para o “fim do plástico” por ali – antes da mudança de fonte, suas peças serão marcadas por números em ordem decrescente que indicam quanto de tecido falta para zerar o estoque.
A ideia de reconstrução das bases da grife foi alinhada com a loja saqueada na final da Copa do Mundo – uma vibe “já que tem que começar do zero, vamos pensar em algo diferente” – e também porque a estratégia anterior (com a duplinha show de bola da finada Coperni) falhou.
Além do vinil, a visão de futuro do fundador André Courrèges foi responsável por cravar seu nome entre os importantes da moda. Nada melhor do que (tentar) traduzir o raciocínio para o que temos (que desafiar) hoje. Tomara que a iniciativa vingue!