A história da família Gucci é repleta de glamour, ambição, traições e tragédias. Fundada em 1921 por Guccio Gucci em Florença, a marca se tornou um dos maiores símbolos de luxo do mundo.
Porém, por trás das vitrines elegantes e das coleções icônicas, a dinastia Gucci enfrentou conflitos internos devastadores que culminaram em escândalos públicos e na perda do controle da empresa pela família.
Essa narrativa complexa foi imortalizada no livro A Casa Gucci: Uma História de Glamour, Cobiça, Loucura e Morte (2001), de Sara Gay Forden, e adaptada para o cinema em Casa Gucci (2021), dirigido por Ridley Scott.
Na sequência, relembre os cruzamentos entre a história real da família Gucci, e as versões como retratadas no livro e no filme, destacando os eventos que moldaram — e desmantelaram — o império Gucci na moda.
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A fundação da marca Gucci: Guccio e o sonho de luxo
Guccio Gucci fundou a marca que levava seu nome em 1921, inspirado em sua experiência como porteiro no Hotel Savoy, em Londres. Ele observou a elegância da elite europeia e decidiu criar acessórios de couro que combinassem funcionalidade com sofisticação. O sucesso inicial da Gucci foi impulsionado por sua atenção aos detalhes e a produção artesanal de alta qualidade.
Guccio teve cinco filhos, mas foram Aldo, Vasco e Rodolfo que assumiram a liderança da empresa após sua morte em 1953. Sob o comando dos irmãos Gucci, a marca se expandiu globalmente, tornando-se um sinônimo de luxo. No entanto, o sucesso empresarial veio acompanhado de tensões familiares que se intensificaram com o passar das décadas.
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Os irmãos Gucci e o início das disputas
Aldo Gucci, o mais velho dos irmãos, foi o principal responsável pela expansão internacional da marca. Ele abriu a primeira loja Gucci nos Estados Unidos, em Nova York, em 1953, e introduziu elementos icônicos, como o logo GG e o mocassim com fivela. Rodolfo, por outro lado, concentrava-se na criação artística da marca, enquanto Vasco tinha um papel mais discreto.
Embora o trio tivesse papéis complementares, as rivalidades logo começaram a surgir. Aldo era conhecido por seu estilo autoritário, enquanto Rodolfo, mais introvertido, discordava frequentemente de suas decisões. Com a morte de Vasco em 1974, as tensões entre Aldo e Rodolfo se agravaram, especialmente sobre a direção criativa e os lucros da empresa.
Maurizio Gucci: a nova geração e o início do fim
Rodolfo teve um único filho, Maurizio Gucci, que assumiria um papel central na história da família. Após a morte de Rodolfo em 1983, Maurizio herdou 50% da empresa. Isso marcou o início de uma disputa feroz entre ele e seu tio Aldo, que detinha o restante das ações junto com seus três filhos.
Maurizio, jovem e inexperiente, queria modernizar a marca, enquanto Aldo preferia manter o controle tradicional da empresa. A batalha culminou com Maurizio processando Aldo e assumindo o controle da Gucci em 1988. Para piorar a situação, Aldo foi preso em 1986 por sonegação fiscal, após ser denunciado por um de seus próprios filhos, Paolo Gucci. O episódio destruiu ainda mais a unidade familiar.
O escândalo de Paolo Gucci
Paolo Gucci, filho de Aldo, também desempenhou um papel notório nos conflitos familiares. Criativo, mas instável, ele tentou lançar sua própria marca sob o nome Gucci, o que gerou uma série de processos legais contra ele por violação de direitos autorais. Paolo retaliou expondo irregularidades financeiras de seu pai, o que levou à prisão de Aldo.
Essas traições e disputas internas começaram a atrair atenção da mídia, manchando a reputação pública da família. A Gucci, enquanto marca, passou a ser vista como uma empresa caótica, repleta de escândalos.
O assassinato de Maurizio Gucci
A queda da família Gucci atingiu seu ápice com o assassinato de Maurizio Gucci, em 27 de março de 1995. Ele foi morto a tiros na entrada de seu escritório em Milão, e a investigação revelou uma trama chocante. A ex-esposa de Maurizio, Patrizia Reggiani, foi acusada e condenada por encomendar sua morte. Ela teria agido motivada por ressentimentos após o divórcio e pela perda de sua posição social.
No filme House of Gucci, Lady Gaga interpreta Patrizia, apresentando-a como uma mulher ambiciosa e manipuladora, embora o roteiro também sugira que suas ações foram influenciadas por sentimentos de rejeição e isolamento. A história real é igualmente complexa, com Patrizia afirmando em entrevistas que nunca se arrependeu completamente de seu papel no crime.
A venda da Gucci e o fim da era familiar
Antes de sua morte, Maurizio havia vendido suas ações da Gucci para o conglomerado de investimentos Investcorp em 1993, encerrando o controle da família sobre a marca. Nos anos seguintes, a Gucci passou por uma transformação sob a liderança de Domenico De Sole e Tom Ford, que revitalizaram a marca, afastando-a do drama familiar.
Atualmente, a Gucci pertence ao grupo Kering, e nenhum membro da família está envolvido na administração da empresa.
O que é verdade no livro, no filme e na história real
O livro A Casa Gucci oferece uma visão detalhada e documentada dos eventos, com foco na dinâmica familiar e no impacto empresarial das disputas. Já o filme House of Gucci adota uma abordagem mais dramática, com ênfase no relacionamento entre Patrizia e Maurizio. Embora muitos eventos retratados no filme sejam baseados em fatos reais, há simplificações e alterações criativas para intensificar o impacto narrativo.
Por exemplo…
Patrizia no filme: É retratada como a principal arquiteta da destruição da família. Na realidade, outros membros da família também contribuíram para o colapso.
Maurizio: No filme, ele aparece como vítima das circunstâncias, mas, na realidade, suas decisões empresariais também foram questionadas.
Tons melodramáticos: O filme enfatiza elementos cômicos e exagerados, enquanto o livro mantém um tom mais sóbrio e investigativo.
A história da família Gucci é um exemplo fascinante de como conflitos internos podem destruir até mesmo os maiores impérios. Do sucesso inicial ao caos público, passando pelo glamour e pelos escândalos, a saga dos Gucci continua a cativar o mundo. Seja através do livro ou do filme, o legado dessa dinastia é uma mistura inebriante de luxo, poder e tragédia — um conto de moral para os tempos modernos.
Hoje, a marca Gucci permanece como um dos nomes mais importantes na moda, mas o império que Guccio Gucci construiu há mais de um século não pertence mais à sua família.
O que acontece no filme Casa Gucci
E como termina o filme House of Gucci? Ele é encerrado com a dramatização do assassinato de Maurizio Gucci e as consequências que se seguem para Patrizia Reggiani.
Após um julgamento público que capturou a atenção internacional, Patrizia é condenada por orquestrar o assassinato de seu ex-marido e é sentenciada a uma longa pena de prisão.
A última parte do filme enfatiza o isolamento e a queda de Patrizia, mostrando-a em um estado de negação, ainda presa à sua obsessão pelo poder e pelo nome Gucci.
O filme finaliza com uma nota sobre o futuro da marca, destacando que a família Gucci perdeu completamente o controle da empresa, que prosperou sob nova administração.
Onde assistir a Casa Gucci
Quer ver toda esta trama se desenrolar com direito à atuação dos craques Lady Gaga, Al Pacino, Adam Driver e Jared Leto?
O filme está disponível no catálogo do Prime Video, para assinantes, e também disponível para compra ou locação no YouTube Filmes.
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