As coleções resort tornaram-se, nos últimos anos, a chance de levar convidados de grife para aventuras tão diversas quanto os destinos escolhidos pelas clientes ricas que, em pleno inverno do hemisfério norte, precisavam de variedade no closet para as viagens de fim de ano (daí veio o nome de resort ou cruise collection). Depois de Mônaco, a Louis Vuitton desembarcou em Palm Springs, em pleno deserto americano, para o desfile mais emocionante de Nicolas Ghesquière até agora — o seu quarto no comando da maison.
A grife sabe viajar bem; foi das malas que nasceu a casa, afinal. Desta vez, inspirado pela arquitetura da casa de Bob Hope, uma construção impressionante de paredes brutalistas e décor 50tinha, Ghesquière ampliou e suavizou o repertório de peças que fazem parte do vocabulário de estilo que desenvolve, pouco a pouco, desde 2014. Aí, junte o cenário, as linhas impressionantes da locação, o casting de nomes jovens e de belezas variadas e a trilha sonora afiada de Michel Gaubert com o olhar certeiro de quem sabe ditar o que é novo, luxuoso de forma contemporânea e de potencial desejável elevado em roupa de verdade e o resultado é uma jornada de arrepiar.
Legal ver como tudo se encaixa com as coleções que vieram antes — é nítida a construção de um guarda-roupa completo para a cliente Louis Vuitton na nova fase, um que ao invés de ser trocado a cada temporada, é incrementado e ampliado estação a estação. Novos tempos pedem novas regras de consumo. Tem pinta de novidade, claro: esta veio nos longos e saias fluidos que afrouxam as linhas duras dos vestidos A de antes (a assinatura vem nos recortes de barras-cintos e o umbigo de fora), nas jaquetas curtinhas e suéteres que ganham shape espacial do jeito que a gente gosta no Ghesquière, nos longos de couro do final, tão soltos quanto os de tecido do início, e nas hotpants absurdas que estariam prontas pra cruzar um pouco mais do deserto e cair num festival de música que acontece ali do lado. Na hora de navegar pelos cliques em close, vale olhar além dos novos modelos de Petit Malles (#dificuldades) e reparar no “$tyling” de bolsa com bolsa: uma Boîte com uma Twist, ambas de prints iguais; copiar a passarela implica em compra dupla.
Com um espetáculo tão completo, você foca o olhar onde preferir, no que tiver mais apelo para você; esta tem virado regra de ouro em desfiles com oferta cada vez mais ampla de roupas e ideias na mesma passarela (vide outro resort de proporções ainda maiores que este, o da Chanel, na semana anterior). Ou então faz como eu: pega o vídeo, abre as fotos e revê muitas, muitas e muitas vezes, para dar conta de tanta coisa linda reunida de uma só vez na apresentação da #LVPalmSprings — se quiser caprichar no elogio, diz até que vê um talento de outro planeta, quase tão extraordinário quanto as histórias de abduções extraterrestres que rondam a região. Eu ajudo: disponho alguns bons cliques ao longo da página e o vídeo completo do desfile (com uma introdução mara!) no final. Boa viagem!
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