#PORTAFASHIONWEEK: dos sem-convites na Prada à invasão oriental na Gucci

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Quem não tem convite caça com cobertura do fervo das portas dos desfiles. A primeira vez na cobertura internacional de uma temporada de moda (aqui, a de inverno 2016 masculino) é de desafios. Emplacar uma publicação nova (como esta) exige muito PDF por e-mail e um bom tanto de sorte para contar com passe livre nos eventos principais. Com o roteiro dos desfiles em mãos, é fácil ir atrás das apresentações mais high-profile para cobrir, pelo menos, o agito de suas entradas.

Em Milão, a primeira porta foi uma das mais low profile. A Roberto Cavalli, preocupada em apresentar de forma intimista a estreia de Peter Dundas no masculino da grife, recebeu um número bem limitado de convidados. A tristeza foi da turma de fotógrafos de street style — tanto os profissionais quanto os bloggers de câmeras compactas. Uma ação sobre um serviço de aluguel de roupas agitava curiosos com três garotas propositalmente inapropriadas para um evento do tipo enquanto nomes desconhecidos da turma por ali chegavam. De repente, a gritaria: era a primeira aparição de Anna Dello Russo na semana italiana. Consciente do furor que causa, ela desembarcou um quarteirão de distância da porta para garantir tempo hábil do desfile particular.

A manhã seguinte, de segunda-feira (16.01), começou calma na chegada ao Palazzo Ralph Lauren, uma construção imponente que recebe clientes mais especiais das linhas da grife na Via San Barnaba. Durou pouco. Assim Lucky Blue Smith anunciou sua participação, adolescentes histéricas tomaram conta da fachada do prédio para garantir o meeting proposto pelo próprio no Instagram. Faz parte do fervo. Hoje, castings também consideram números de likes um bom filtro. Ainda assim, apresentações (ao contrário de desfiles) são eventos mais focados; por mais que três (ou dez) fotógrafos façam plantão na porta, não há tanto alvoroço pelo estilo comedido de convidados e trabalhadores (de verdade) da imprensa.

Às vezes, nem desfile causa comoção. Caso da Versace, que escolheu uma locação distante do centro de Milão, um espaço dedicado a eventos com detalhes futuristas tipo Fondation Louis Vuitton genérica na arquitetura. A porta levava, em letras garrafais, o nome da grife, mas o trânsito e a distância do local apressaram a entrada dos convidados. Anna Dello Russo, uma das últimas a chegar, nem teve tempo de posar.

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Diz que o furor causado pelo viner-blogger-vlogger-influencer Cameron Dallas na Calvin Klein ocupava todas as ruas adjacentes à locação (perdi esta!), mas a terça-feira guardava sua porta mais famosa para o fim de tarde. Na Via Antonio Fogazzaro, uma hora e meia antes do horário marcado para o desfile da Prada (sem-convite chega cedo!), as duas calçadas unidas pela esquina principal juntava uma turma animada. Desavisados ficavam na porta de entrada dos fotógrafos até que algum convidado perdido (de estilo reluzente) indicava o caminho certo. Eu segui Katie Grand.

Entre flashes, corridinhas cuidadosamente casuais e vários quase-penetras com sacolas da grife à mão (trend alert da #portafashionweek), quem tinha qualquer detalhe chamativo no look era abordado, famoso ou anônimo. A maioria das meninas com smartphones nas mãos não sabia o nome de Grand, mas o casaco listrado do verão 2016 da grife valia o sacrifício pelo clique. Já a blogger-agora-atriz Tavi, vestida com um conjuntinho low-profile de poás, só foi reconhecida depois que garanti um clique e um papo rápido, antes que ela localizasse sua PR e seu convite. Na entrada, convidados fashionistas se cumprimentavam rapidamente antes de entrar locação a dentro enquanto os sem-convites tentavam, à toa, procurar seus nomes nas listas da prancheta mais importante da noite.

Na Gucci, a estação abandonada de trem na Via Valtellina recebeu um número impressionante de turistas orientais. A discussão sobre o sucesso da nova fase da grife na Ásia durou pouco. As meninas estavam mesmo era atrás de dois ídolos locais de nomes identificáveis só com as legendas do instagram da marca: o cantor Jung Young Hwa e ator/modelo Xuedong Cheng. A bordo de looks totais da marca, ambos foram recebidos com gritos, muvuca e choradeira pelas fãs. Com uma entrada de longa distância, alguns metros à frente o desfile era dos nomes mais-mais do street style: AdR com longo digno de tapete vermelho, Nick Wooster com o casaco (que ele vestiu a semana toda) de sua parceria com a marca italiana Lardini e selfie com fã, Scott “o Sartorialist” Schuman revezando entre fotógrafo e fotografado, Milan Vukmirovic com o melhor jaquetão masculino do agito.

A moda movimenta as cidades que a recebe não só pelo tête-à-tête dos convidados fashionistas entre um desfile e uma apresentação. Reúne também a turma da outra ponta deste espectro: já que ser fashion é algo tão promovido e desejado atualmente, há de se prestar atenção na ideia de uma #turismofashionweek — refletir coleções é pra quem tem foco. Público ávido pelo tipo mais superficil de experiência, claramente, não falta. Ao longo da página, registros deste movimentação. Vai que ajuda a receber um convitezinho na próxima temporada.

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