Alexandre Herchcovitch deixa a direção criativa da marca que leva seu nome

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O anúncio foi preciso. “Comunico meu desligamento da marca Herchcovitch;Alexandre após 23 anos à frente dela como diretor criativo. Agradeço a todos que fizeram e fazem parte da minha história”. Assim, Alexandre Herchcovitch anunciou a saída do comando da etiqueta (quase) homônima nessa terça-feira (23.02). Havia indícios: o livro dos 20 anos na moda, o desfile mais recente, de inverno 2016, que passava uma régua em elementos-chave de seu passado (ainda que apontando rumos para o futuro), a notícia de que o contrato com a Inbrands (grupo que detém a marca desde 2008) não havia sido renovado… Confirmado está.

Já o mecanismo de troca de líder criativo por aqui não é tão simples assim. A entrada de um novo nome em marcas famosas ainda não engrenou de forma eficiente como o case demanda. Substituir o Alexandre na Herchcovitch é um desafio. O vínculo do designer (sua história, preciosismo técnico, universo de referências) com a etiqueta de sucesso é muito forte para ser traduzido, de forma inédita neste patamar, por outro criador. Marcas nacionais ainda são muito presas aos nomes que as fundaram. Talvez, inclusive, seja esta falta de gestão administrativa distanciada (versus o controle pessoal do fundador em todos os processos) um dos fatores que seguram os seus desenvolvimentos. O próprio Alexandre já encarou a missão, assumindo o posto de diretor criativo da Rosa Chá, Cori e Zoomp em anos anteriores.

Outras grifes que optaram pela associação com grupos, ensaiando a etapa mais profissionalizada do mercado nacional, ou mantiveram nomes da equipe e bons resultados (Oskar Metsavaht na Osklen, por exemplo) ou deixaram de seguir um caminho tão certeiro depois das mudanças (case Sommer). É preocupante para o mercado brasileiro, que sofre com a falta de marcas de identidade tão reconhecível, pensar no que acontecerá com uma das suas principais; a força é tão grande que nem o tão variado portfolio de parcerias conseguiu desgastá-la.

O efeito imediato é de tristeza por deixar de ver, enquanto os próximos passos não são revelados, o trabalho de Alexandre na passarela; inteirados no assunto já começam a listar os rumores do que vem pela frente. É também de apreensão pelo futuro da etiqueta que muitos viram se tornar uma potência (eu já a peguei a pleno vapor), seja com um sucessor ou com outro tipo de formato (que poderia, inclusive, começar a ser construído a partir da reflexão tão em alta sobre os problemas recentes da cadeia de moda). A conferir.

Nas imagens, looks do primeiro desfile da Herchcovitch;Alexandre que me impactou, o de verão 2007.

alexandre-herchcovitch-verao-2007

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