A Mindy Kaling é fashion. Ainda bem!

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What if she’s a total bitch? O perfil de capa da revista Flare de outubro, estrelado pela Mindy Kaling, começa assim, o que mostra um pouquinho do que esperam de uma mulher de sucesso e famosa por seu perfeccionismo. A má impressão da jornalista continua: parágrafos são gastos para mostrar, sem margem de dúvidas, que ela é um desses casos (“tão raros?”) em que uma trajetória profissional que merece respeito (“ela é uma líder; super decisiva e sabe exatamente o que quer”) precisa ser reforçada para confirmar a competência de uma mulher que (“se rende à superficialidade” e) gosta muito de moda. Até quando esse tipo de perfil precisa ser tão didático para dizer que dá para se interessar pelo assunto sem que se ganhe, de cara, o carimbo de frívola?

Birras de lado, a conversa começa ficar boa mesmo quando o assunto é roupa. Mindy, nada perto do perfil de fashionista padrão assume o gosto por compras e labels com a mesma honestidade com a qual comenta o corpo e o apetito verdadeiros — qual atriz comeria bacon e um torrão de açúcar durante uma entrevista para uma revista de moda?

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Quem não parece confortável com isso são as publicações. A própria atriz tira sarro de como a imprensa aborda suas curvas (e as roupas que as acompanham): ao estampar uma das capas da Elle norte-americana (sua primeira capa de moda) dedicada à quatro atrizes da televisão (e ser a única que ganhou uma foto em plano fechado, ao contrário das outras esguias companheiras), Kaling brincou em papo com David Letterman: “o que todo mundo começou a falar foi ‘nossa, Elle, vocês não poderiam colocar o grande corpo gordo dela na revista? Por que? Só porque ela é tão gorda e terrível?”, invertendo um pouco o pensamento de que a imagem deveria ganhar críticas por não exibir o corpo completo de Kaling; no final, esses comentários é que se tornaram mais ofensivos do que a própria opção pelo enquadramento da foto. Já nos cliques que acompanham a entrevista da Flare, Mindy só aparece em looks de manga longa — um outtake com look sem mangas (do inverno 2014 de Marc Jacobs) traz seus braços cobertos por uma cortina.

No papo sobre moda, Kaling ainda brinca com um outro aspecto de seu fashionismo, o trabalho com uma stylist. “Se você ama moda e não é magérrima, quando uma das peças produzidas serve em seu corpo a maioria dos stylists já solta apressadamente: ‘isso ficou ótimo em você!'”, ao invés de ir atrás do que realmente se aproxima do gosto do cliente famoso. Mais uma anedota: em sua primeira ida ao gala do Costume Institute no Met, em 2013, ela perdeu um dos anéis milionários que uma marca lhe emprestou; no dia seguinte, estava de volta ao Metropolitan Museum para encontrar, sem sucesso, a peça.

Além das revistas, uma parcela de quem a vê em cada evento também não sabe lidar com o corpo (ou, ainda pior, com o tom da pele). Cada vez que um dos seus looks aparece em sites ou nas redes sociais, uma série de comentários dos mais ofensivos lhe é direcionado. Coisa de quem espera que Missoni, Miu Miu e Peter Pilotto, algumas das grifes favoritas de Kaling, sejam vestidos apenas por corpos parecidos com os das modelos que os apresentaram. “Eu amo tanto a moda que às vezes quase isso me dá até medo”, confessa Mindy no texto. Com as roupas, não precisa se preocupar. Já com esses pseudofashionistas de plantão, é outra história.

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